ENTREVISTA VICTOR DE WOLF

01/11/2010 13:46

Nosso entrevistado desta semana é uma das mais importantes figuras do movimento jovem LGBT do Brasil, o produtor e diretor do Grupo Diversidade de Niterói Victor de Wolf

 

01 - Como descobriu sua paixão pela produção?

Foi ainda no colégio, quando fui do grêmio estudantil. Fui presidente da CEIA (Comunidade Estudantil do Instituto Abel) e era o grêmio mais atuante da cidade, na nossa gestão tive o prazer de entender um pouco o que era realizar eventos e projetos, fizemos festivais, festas, jornais, enfim, uma série de coisas que me fizeram optar pela faculdade de Produção Cultural. Saí do colégio e fui estudar Produção na UFF, onde me formei e passei a amar loucamente minha profissão.

 

02 - Você namora há muito tempo. Como é essa relação? Os prós e os contras de uma relação duradoura?

Namoro há mais de 4 anos a mesma pessoa. É uma relação ótima, baseada na confiança mútua e companheirismo. Tentamos entender as especificidades um do outro e colaborar naquilo que cada um gosta de fazer. Mas com tanto tempo existiram também brigas e atritos, comuns em quaisquer relações. Não acho que exista diferença de pró e contra relativo ao tempo de namoro, é exatamente a mesma coisa do que era quando tinha um ano.

 

03 - Como é ser uma referência tão jovem no movimento lgbt?

Isso é muito estranho. Atualmente sou o diretor jovem da ABGLT (Associação Nacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). E isso aconteceu por esses acasos da vida. Nunca quis fazer movimento nacional ou algo parecido, sempre gostei de militar e fazer movimentos sociais, mas no âmbito da minha cidade. Mas a pessoa do GDN (Grupo Diversidade Niterói, grupo de base que milito e ajudei a fundar) que era responsável pelas relações política nacionais do grupo acabou mudando de país e assumi a tarefa. No último congresso da ABGLT a galera me pediu pra assumir uma vaga na direção pra pautar as questões da juventude LGBT dentro da entidade. Acabei topando e hoje me assusto indo a várias cidades, eventos, Paradas país a fora e ser reconhecido como uma liderança jovem nacional, acho que a ficha não caiu muito bem. Acho que o mais bacana é conviver com pessoas tão experientes e antigas no nosso movimento como Claudio Nascimento, Toni Reis, Yone Lindgren e poder aprender essa história de militância e ajudar a construir uma entidade cada vez mais de luta e defesa de nossa comunidade.

 

04 - Como você vê o movimento LGBT hoje?

Acredito muito no movimento LGBT brasileiro. Somos o movimento mais forte da América Latina e a ABGLT é uma das maiores entidades LGBT do mundo, inclusive com assento na ONU atualmente. Isso deu ao movimento tarefas importantíssimas. As Paradas do Orgulho deram ao movimento a visibilidade que precisávamos e , em 2010, conseguimos construir a 1a marcha lgbt a brasília, sendo recebido por diversos Ministros e garantindo direitos civis para nossa comunidade. Só que os desafios foram crescendo também. Se antigamente discutíamos prioritariamente as questões relativas a AIDS, como não deixar nossa comunidade ser devastadas pela doença, hoje estamos discutindo, por exemplo aqui no Rio, como vive a população carcerária LGBT, suas identidades e vivências, e indo por novos caminhos como nas questões de cultura LGBT, tentando sempre tirar nossa população do gueto. 

 

05 - Assume pra gente: O que você JAMAIS faria na cama?
Difícil dizer... o que nunca fiz foi sexo com mulheres... o que nunca farei acho que não existe. Acho que o nunca e o jamais não existem. Acredito que tudo te é lícito e tudo deve ser experimentado, se isso te der prazer e te deixar feliz.

 

06 - Como foi a reação da sua família ao descobrir a sua sexualidade?

De início péssima. Foi uma reação de decepção, do "onde foi que eu errei", mas acho que isso ficou pra trás. Hoje meus pais ajudam na militância. Minha mãe por exemplo é a tesoureira do nosso grupo e meu pai é o coordenador do trio oficial da Parada LGBT de Niterói. Se fosse só por isso já teria valido a pena, do ponto de vista pessoal, ter criado a Parada de Niterói. Imagina como fica a cabeça de um homofóbico vendo a própria família reconhecer e ajudar nessa luta?


07 - Quais são os seus projetos para o futuro?

Tenho projetos pro presente, não gosto de planejar futuro. Atualmente temos trabalhado em 1) fortalecer a juventude da ABGLT; 2) construir uma abglt forte e de luta; 3) fomentar a cultura LGBT, através do nosso "Centro de Cultura LGBT Prof. José Carlos Barcellos"; 4) levar nosso movimento para novas áreas, como por exemplo a discussão dos presídios; 5) aprovar a lei que criminaliza a homofobia.

 

08 - Em pleno século XXI, a sexualidade ainda é um tabu para a maior parte das sociedades. A que você acha que isso se deve?

Anos de obscurantismo e fundamentalismos religiosos. Talves um bom projeto pro futuro fosse devolver a sexualidade as pessoas. Como conhecemos pouco nosso corpo, como temos preconceitos com o sexo. Se conseguirmos entender que religião/crença/fé não tem nada a ver com prazer será um bom avanço. 

 

09 - Qual seria o mundo ideal para você?

Um mundo onde não houvesse nenhuma opressão, o que acredito ser impossível dentro do sistema atual. Enquanto tivermos um mundo baseado no capitalismo onde o que prevalece é o lucro, a apropriação do trabalho alheio e a manutenção da lógica de opressores e oprimidos não teremos essa sociedade. Precisamos construir uma sociedade justa e realmente igualitária.

 

10 - Deixe um recado para a galera do www.assumidos.com.br.

Merda a todas e todos!

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Victor é uma Benção

Eu tenho um carinho imenso pelo VICTOR ... Resumindo esse cara é uma BENÇÃO para nossa NAÇÃO, tenho certeza que DEUS fará infinitamente mais no coração dele estes sonhos incriveis. Sou fã mesmo! Bela entrevista.
Cantor Jeff Moraes

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Querido, cada dia que passa eu o admiro mais.
Bjs, tia Léa

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